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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Admirável mundo cíbrido

Por Giselle Beiguelman

A popularização dos dispositivos portáteis de comunicação sem-fio com possibilidade de conexão à Internet apontam para a incorporação do padrão de vida nômade e indicam que o corpo humano se transformou em um conjunto de extensões ligadas a um mundo cíbrido, pautado pela interconexão de redes e sistemas on e off line. Para além do fetichismo da robotização humana, é fato que em um mundo globalizado e mediado pelas telecomunicações, o corpo conectado às redes torna-se a interface entre o real e o virtual sem que, por isso, denote que nos tornaremos equipamentos de carne obsoletos.
Afinal, ao mesmo tempo em que esses corpos são diluídos em uma massa descarnada, feita de informação, essa mesma massa de dados duplica sua existência como telepresença e presença física. E é essa duplicidade o que interessa entender, do ponto de vista da produção cultural, interrogando que tipo de leitor e leitura se interpõem nesse contexto de recepção e interação “ciborguizado”, agenciado pela cibridização.
Instrumentos especialmente desenvolvidos para a adequação a situações de trânsito e deslocamento, os PDAs (Personal Digital Assistants) são ferramentas de adaptação a um universo urbano de contínua aceleração e afetam sensivelmente as formas de percepção, visualização e comunicação remota.
Trata-se agora de refletir sobre a recepção em ambientes de constante fluxo, em condições entrópicas, onde o leitor está sempre envolvido em mais de uma atividade (dirigindo, olhando um painel eletrônico e falando ao telefone, por exemplo), interagindo com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas múltiplas e não-correlatas. Criar para essas condições implica, por isso, repensar as condições de legibilidade e as convenções e formatos da comunicação no âmbito de práticas culturais relacionadas à ubiqüidade, ousando questionar se de fato rumamos para a tão alardeada convergência de mídias ou se, ao contrário, o que se impõe é um cenário de leitura distribuída em inúmeras mídias (celulares, painéis eletrônicos, rádios, entre outras), respondendo às demandas pontuais de um leitor em trânsito permanente.
Cumpre, portanto, interrogar um contexto de leitura mediado por interfaces conectadas em rede que permitem experiências de leitura agenciadas pela hibridização das linguagens e cibridização dos espaços (on line e off line), que corrompem a estrutura clássica da página e a lógica da janela como dispositivo perspéctico, unificador do ponto de vista.

Artigo completo em: http://www4.pucsp.br/~gb/texts/cibridismo.pdf

Foto: Folha UOL

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